Latinautas

Projeto da America para as Americas, uma viagem em busca da identidade, e todas as formas de resistencia e revolucao da sociedade latina

domingo, outubro 29, 2006

Dias 28 e 29/10/06 - Campeche - Opressão em Oaxaca

Campeche -28 e 29/10/06

Dia 28 chegamos em Campeche, cidade no litoral norte da Península de Yucatán.
Acompanhamos a situação de Oaxaca pela internet e começamos a ficar preocupados. A polícia federal preventiva cercou a cidade e começou a destruir as barricadas que foram formadas pelos manifestantes da APPO. No dia 27 foram mortas 4 pessoas, dentre elas um jornalista dos EUA, atingido por um dos paramilitares do governador Ulisses Ruiz. Entramos em contato com Florentino, coordenador de imprensa da APPO e lhe perguntamos sobre qual seria a decisão da Assembléia. Nos disse que iriam se retirar pacificamente e realizariam uma marcha no dia 29. Porém, no dia 29 ainda haviam muitos manifestantes ocupando barricadas e o centro da cidade. Uma chacina se anuncia neste Estado mexicano.
Acompanhamos a vitória de Lula para presidência do Brasil e Requião para governo do nosso Estado, Paraná.
Falamos com nossos familiares, e pudemos matar as saudades.
Campeche uma cidade linda, mas seguiremos nosso caminho tristes pelo ocorrido em Oaxaca.
Zapata Vive, La Lucha Sigue!
Foto: Esta logo é a solidariedade que os latinautas tem com os axaquenhos que se mantém na luta

Dias 26 e 27/10/06 - Palenque - No meio da selva

Palenque - 26 e 27/10/06

Saímos pela manhã de San Cristobal de Las Casas. Antes, passamos na casa do Chankim para devolvermos alguns materiais e nos despedirmos. Conversamos um pouco e nos indicou hospedarmos em Pancham perto da Zona Arqueológica em Palenque. Seguimos nossa viagem e chegamos à tarde em Pancham, e somente lá fomos descobrir que era no meio da selva. Ficamos numa cabana muito louca. O banheiro, acoplado no quarto, ficava fora. Não tinha janelas, apenas telas. Jantamos bem, comemos uma boa comida caseira. Arros, feijão, batatas.......

........burritos, quesadillas. Já nos acostumamos à cozinha mexicana. No dia seguinte conhecemos as pirâmides maias, e dormimos ao som de uma chuva, trovoadas e raiosque tremiam nossa cabana. Mais uma vez saímos vivos.
Foto: Pirâmide Maia

Dia 25/10/06 - San Cristobal de Las Casas - Derechos de las mujeres

San Cristobal de Las Casas - 25/10/06
Como estava marcado, fomos entrevistar às 10:00 no Centro de Defesa dos Direitos das Mulheres de Chiapas dois companheiros nossos, Gabriel e Flor. Explicaram como funcionava o centro, e logo foram levando seus discursos para um tom de desabafo. A opressão e o grande número de paramilitares no Estado é preocupante. Indagar um sistema burguês, machista e excludente, não é um trabalho fácil para estes ativistas. Flor nos agradeceu por estarmos lá e não entendemos o porquê deste agradecimento. Logo depois da entrevista conversamos um pouco e Gabriel nos disse que todas as constituições do país para serem positivadas necessitaram de uma guerra civil. Isto quer dizer que para os movimentos sociais, que reivindicam um novo texto constitucional, será necessária uma revolução. É por isso que a insurgência mexicana vem aumentando e a política de opressão segue no mesmo ritmo. As palavras do Gabriel nos ajudaram a compreender o agradecimento da Flor. Nos disse que o que estamos fazendo é o que mantém muitos mexicanos vivos.

Dia 24/10/06 - Oventic - Caracól Zapatista

Oventic - 24/10/06 *

Fomos cedo ao caracól de Oventic, próximo à San Cristobal de Las Casas, aproximadamente uma hora e meia de carro.
Quando estavamos chegando vimos diversas placas com os dizeres "Você está em território zapatista em rebeldia. Aqui manda o povo, e o governo obedece".
Nos pararam na entrada, todos com faixas cobrindo a boca, e muitos encapuzados, mantendo somente os olhos para fora. Pediram nossos passaportes, e foram decidir se autorizavam nossa entrada para sermos entrevistados. Demoraram pouco e logo nos concederam a entrada. Nos levaram à uma sala para ser preenchida uma ficha. Nome, nacionalidade, número do passaporte, com quem queriamos falar e se faziamos parte de alguma instituição. Logo falamos que queriamos conversar com a Junta de Bom Governo. Encaminharam os papéis para análise e nos deixaram esperando por mais de 40 minutos.
Enfim, nos concederam entrada na Junta de Bom Governo para estes esclarecerem nossas dúvidas sobre o movimento e sua organização.
Cinco zapatistas encapuzados, sendo 3 homens e 2 mulheres, faziam parte desta Junta. Novamente fizeram as mesmas perguntas que já tinham nos feito anteriormente pelo pessoal que cuida da entrada.
Dissemos o porquê de estarmos ali, sobre o documentário, e pedimos autorização para nos concederem uma entrevista, filmarmos e tirarmos fotos.
A entrevista filmada nos foi negada, podendo escrevermos o que lhes seria perguntado. Podiamos filmar o ambiente externo da Junta e nos liberaram para fotos.
Passamos a nossa tarde no caracól, conhecendo os epaços de organização zapatista.
Aproveitamos muito, pois poucas pessoas tem essa oportunidade e o acesso que tivemos.

Foto: Entrada do Caracól de Oventic - "Para todos tudo"
*Saíra na página da Carta Maior, www.cartamaior.com.br a entrevista realizada com a Junta de Bom Governo

Dia 23/10/06 - San Cristobal de Las Casas - Enfim Conseguimos

San Cristobal de Las Casas - 23/10/06

Conseguimos entrar em contato com o Centro de Defesa dos Direitos das Mulheres para conversarmos com Gabriel Ramirez, ativista em defesa dos direitos humanos das mulheres, principalmente camponesas e indígenas. Fomos conversar com ele e com a companheira Flor.
Nos explicou o funcionamento do Centro e sua ligação com o movimento zapatista.
Comentaram sobre a repressão estatal e também da consequência do sistema capitalista às mulheres com relação à propriedade, machismo e exploração laboral. "A propriedade é de poucos, e estes são homens".
Nos falaram tudo do Centro, mas nos parecia que tinham mais coisa para falar. Sobre as mulheres, e alguns assuntos além da questão de gênero.
Nos indicaram o caracól de Oventic para conhecermos a estrutura zapatista. Nos passaram as coordenadas e nos avisaram que começava a voltar a visita.

Marcamos uma entrevista para dia 25 de manhã......

Foto: Cartaz do Centro de Direito das Mulheres

Dia 22/10/06 - San Cristobal de Las Casas - Sem Informações

San Cristobal de Las Casas - 22/10/06

Um dia perdido. Tentamos entrar em contato com as pessoas para gravarmos entrevistas e........
....... nada! Ligamos, mandamos e-mail, passamos o dia sem ter nada para fazer. Fomos à feira, compramos camisetas, bolsas de couro e pulseiras. Comemos, e tomamos umas cervejas no albergue junto com o companheiro Hitano.
Esse nosso novo amigo cuida do hostel que estamos, e ja foi andando do Brasil ao México pois não tinha dinheiro para pegar um avião. É um ser completamente louco. Conversamos bastante e fomos dormir.
Foto: Feira de San Cristobal de Las Casas

quarta-feira, outubro 25, 2006

Dia 21/10/06 - San Cristobal de Las Casas - Chankim

San Cristobal de Las Casas - 21/10/06

Pela tarde fomos encontrar Chankim no centro da cidade, esperamos alguns minutos e logo apareceu.
Entramos em seu carro e fomos conhecer sua casa e conversarmos um pouco.
Cinegrafista, formado em cinema na Cidade do México, jovem e um dos poucos com acesso direto aos comandantes do EZLN. Tem um arquivo de mais de 200 horas de vídeos de plenárias, discursos, debates, declarações oficiais, organização dos caracóis, enfim, um apaixonado por cinema e pela causa dos zapatistas. Nos emprestou 30 fitas, para vermos e usarmos as imagens que nos forem necessárias. É isso que faz com o que tem, pois as entrevistas são raras neste meio. Disse que cede imagens para diversos documentários, não há problema, estarão todos divulgando o ideal zapatista. Nos passou um contato do Centro de Defesa dos Direitos das Mulheres, para procurarmos Connie que poderia nos ajudar em algumas questões referentes a entrada no EZLN. A cidade começou a esfriar, ventos gelados ao sairmos da casa de Chankim, nos lembrando um pouco nossa Curitiba.

Foto: Milena, Chankim e Ligia

Dia 20/10/06 - San Cristobal de Las Casas - Chegada ao reduto zapatista

San Cristobal de Las Casas - 20/10/06

Cidade mundialmente conhecida apartir de 1994 com as ações revolucionárias do Ezército Zapatista de Liberación Nacional. E é por isto que estamos aqui. Chegamos sem contatos, nos alojamos num albergue e logo começamos a nos organizar para encontrarmos alguém que pudesse nos ajudar nessa empreitada de conseguir uma entrevista com os zapatistas.
Fomos todos caminhar na cidade, para conhecer e investigar os possíveis locais que pudessemos entrar em contato. A Milena e o Pedro encontrarama a oficina do EZLN, bateram na porta e um homem encapuzado abriu a portinhola perguntando o que queriam. Disse que o movimento estava em alerta vermelho e não tinha como dar informações sobre nada dispensou os dois. Alerta vermelho pelos fatos em Oaxaca, onde o governo mantém uma grande concentração de militares e paramilitares na região, prontos a restaurar a "ordem" no Estado. Tudo isso, facilmente traria consequencias para o Estado de Chiapas e uma provável intervenção militar para desarticular o movimento zapatista. Enquanto isso eu e a Ligia entramos num bar chamado Revolução. Fotos de Zapata, Subcomandante Marcos, bandeiras de Cuba. Percebemos que o dono poderia nos dar algumas informações, e iriamos voltar de noite para tentar encontra-lo. Descansamos um pouco e fomos ao bar. Encontramos Carlos, dono do bar, conversamos e logo nos apresentou a um cinegrafista, conhecido por Chankim. Contamos nosso projeto, e logo nos convidou para nos encontrarmos e irmos a sua casa para pegarmos algumas imagens. Saimos de um bar e fomos a outro, comemos, bebemos, e voltamos ao albergue para dormir.
Foto: Rua de San Cristobal de Las Casas

Dia 19/10/06 - Tapatepec - Dormindo na estrada

Tapatepec - 19/10/06
Passamos o dia inteiro na estrada, e paramos para dormir em Tapatepec, uma cidade pequena, sem estrutura, localizada na rodovia Panamericana. Seguiremos para San Cristobal de Las Casas, estado de Chiapas e iniciaremos mais uma jornada de luta. Agora com os zapatistas.
Foto: Moinhos de energia eólica, estrada a caminho de Tapatepec

Dia 16, 17 e 18/10/06 - Puerto Escondido - Conhecendo o Pacífico

Puerto Escondido - 16, 17 e 18/10/06

Famosa praia de surfistas, com campeonatos mundiais e uma vista linda. Mas o que nos chamou a atenção era pelo fato de termos visto o oceano Pacífico pela primeira vez. Também, pela primeira vez acampamos e armamos a barraca. Como sempre não entendemos o que o manual tenta explicar através de escritos e desenhos. Estava chovendo, escuro e nada podia ser pior do que estarmos molhados sem saber o que fazer.
Mas deu tudo certo.... Saímos, comemos uns tacos, quesadillas, e compramos algumas cervejas. Como poderiamos dormir direto no chão sem um alcool para ajudar? Dormimos tranquilos e no dia seguinte fomos conhecer a praia. Muitas ondas, pouca areia, poucos mexicanos, muitos estrangeiros. Praia gostosa, pudemos dormir, relaxar, ler um pouco e nos divertir como sempre. Todos os dias que passamos na praia relaxamos o máximo que podiamos para seguir viagem à Chiapas. Na noite do dia 18 houve um vendaval e muita chuva. O resultado foi que na madrugada, uma árvore caiu na nossa barraca (eu e a ligia com as mãos na cabeça para nos proteger....), mas nada de grave aconteceu. Dormimos numa casinha do albergue em que estavamos, e seguimos viagem no dia 19.

Foto: Milena e Pedro na praia de Carrizalil em Puerto Escondido

sábado, outubro 21, 2006

Dia 13 a 16/10/06 - Oaxaca - O Povo no Poder

Oaxaca - 13 a 16/10/06

Após uma pequena folga chegamos na mais recente resistência do México. Já mesmo no caminho para Oaxaca, as placas, as casas, os muros, diziam o que as pessoas estavam sentindo. Em 2004, Ulisses Ruiz Ortiz assumiu o cargo de governador do Estado de Oaxaca, desde então todas suas atitudes como governador só resultavam em aumentar ainda mais a miséria de um dos Estados mais pobres do Mexico. Suas atitudes eram compremetedoras, beneficiavam a entrada de grandes empresas estrangeiras ao invés de dar condições humanas ao seu povo. Cansados com um regime ditatorial, o povo saiu na rua manifestando seus direitos, grandes direitos quais não valem para nada, desde maio de 2006 até mais da metade de outubro de 2006, varias foram as vítimas, mais de 40 pessoas foram assassinadas, muitas estão sumidas e muitas estão presas.
Dia 13 quando chegamos, o palácio do governo e todas outras entidades públicas já estavam invadidas, grandes acampamentos e barricadas estavam formados, nenhuma autoridade se encontrava na cidade.
Dia 14 representamos o Brasil no Foro Nacional e Internacional de Observância y Solidaridad com el Pueblo de Oaxaca, lá conseguimos entender mais sobre a história e vimos muitas formas de organizações que se formaram contra a repressão.
Dia 15, no Zochalo da cidade participamos de uma Conferência de Imprensa. Junto com a população havia o corpo de mais um civil morto nesta batalha. Lá conseguimos vários contatos e na parte da tarde entrevistamos um grupo de pessoas de distintas entidades que apoiam os povos de Oaxaca. Neste grupo o que nos chamou atenção foram duas jovens zapatistas que junto a outros jovens anarquistas, socialistas, comunistas entre outros , ocuparam o presído da cidade.
Dia 16 visitamos a ocupação, um lugar imenso totalmente dominado. Pretendem construir uma biblioteca e um cinema, as prioridades sociais começam a mudar.
Foto: Zóchalo de Oaxaca - Revolução Permanente

Dia 12/10/06 - Taxco - Cidade da Prata

Taxco - 12/10/06

Curiosos, fomos a Taxco. Muitos comentários sobre o valor da prata, sobre a qualidade e a grande quantidade de materiais trabalhados por um preço muito baixo. Chegamos cedo, nos alojamos e fomos as compras. O grande problema é pelo fato de haver duas mulheres na nossa expedição. A Ligia e a Milena rodaram a cidade inteira, e o resultado foi sacolas e sacolas de materiais de prata. Brincos, pulseiras, anéis, correntes, braceletes, enfim, uma variedade enorme de jóias. Os preços são atrativos. Materiais 92.5, isto e, compostos de 92 % de prata, sendo considerados de ótima qualidade. Cada uma gastou aproximadamente 250 pesos, sendo 50 reais, em mais de 12 peças. A matemática funcionou muito neste dia, cada peça saiu por menos de 5 reais. Taxco realmente é a capital mundial da prata, sendo esta mais barata que a água...
Foto: Cidade de Taxco

sexta-feira, outubro 20, 2006

Dia 11/10/06 - Cidade do México - Pirâmides Astecas

Cidade do México - 11/10/06

Dia 11, nossa folga. Demoramos, mas conhecemos as pirâmides astecas. Saimos às 12:00 em direção às pirâmides. Andamos muito, e compramos algumas lembranças da região. Tapetes, canecas, prata, todos por um preço muito baixo se compararmos ao Brasil. Mesmo assim é um gasto que entra no nosso limite de viagem. Poupamos o máximo mas continuamos com gastos altos. Esperamos diminuir as despesas ao entrarmos nos estados de Oaxaca e Chiapas.

Foto: Pirâmides astecas

Dia 10/10/06 - Cidade do México - Dia de entrevistas

Cidade do México - 10/10/06

Dia 10, famoso dia de cão. Percorremos toda a Cidade do México, entrevistamos 4 pessoas, dentre elas o nosso grande companheiro Alfredo Ramirez. Foi uma aula de ciência política e organização social. Comentou sobre a nova esquerda e o fim do processo eleitoral como meio de mudança radical da sociedade. Entrevistamos também o Chefe de Comunicações do PRD (Partido do Obrador), e mais dois resistentes de Oaxaca, professores, civis, que possuem mais de 4 mandatos de prisão, porém continuam na luta. Nos falaram sobre a história de todo processo político em Oaxaca e da ditadura do governador Ulisses Ruiz. Comentou sobre o fim dos poderes, sendo o povo o único legítimo a se manter no Estado. Não sabemos o que nos espera.
Foto: Nós e Alfredo Ramirez

Dia 09/10/06 - Cidade do México - Marcha de Oaxaca

Cidade do México - 09/10/06

Dia 09 pela manhã fomos entrevistar o assessor do Obrador. A parte mais importante foi quando assumiu que não haverá mudanças politicas na eleição presidencial, mantendo-se Calderon como o presidente dos Estados Unidos do México. De tarde acompanhamos uma manifestação do povo de Oaxaca. Vieram a pé de seu Estado, cerca de 540 km, demoraram 17 dias, e chegaram à Cidade do México por volta das 16:00. Filmamos e entrevistamos algumas pessoas que fizeram esta marcha.
Foto: Chegada da Marcha de Oaxaca na Cidade do México

Dia 08/10/06 - Cidade do México - La Esperanza se Respecta

Cidade do México - 08/10/06

Dia 08 fomos à reunião com o companheiro Alfredo. Filmamos o debate e começamos a entender as diferentes lutas sociais que estão acontecendo no México. Há 3 grandes frentes. Uma com relação as eleições presidenciais e oficialização de Andres Manuel Lopez Obrador como presidente. Outra a revolução social em Oaxaca e luta para retirada do governador do poder. E o mais conhecido, o EZLN (Ezercito Zapatista de Liberacion Nacional), com o Subcomandante Marcos na liderança no Estado de Chiapas. As pessoas nos agradeceram por estarmos dando valor a uma causa que na teoria não é nossa. Se sentem surpresas pelo fato de 4 jovens brasileiros estarem interessados em escutar o que elas tem pra falar.
Foto: Reunião do movimento "A esperança se respeita"

Dia 07/10/06 - Cidade do México - Descanso

Cidade do México - 07/10/06

Dia 07 foi um dia de descanso. Eu e a Ligia ficamos no hostel. Lemos, conversamos, e dormimos bastante. Enquanto isso, a Milena e o Pedro foram conhecer a casa da Frida, e um pouco da Plaza da Constituicion.

Foto: Thiago tentando entender como há tanta fraude no México

Dia 06/10/06 - Cidade do México - Achamos um companheiro

Cidade do México - 06/10/06

Dia 06 foi marcante por dois motivos. O primeiro pelo fato do companheiro Julio ter voltado para o Brasil de avião, mantendo assim a nossa formação original. O segundo porque fomos entrevistar um assessor do candidato Andres Manuel Lopez Obrador, que faz parte da equipe de transição do governo atual. Porém, ao chegarmos no partido, não o encontramos, e tentamos entrar em contato telefonico para sabermos do porquê de sua ausência. Falou que tinha se enganado, que o local era outro e marcou a reunião para o dia 09. Mas nesta viagem tudo parece estar dando certo mesmo quando acontecem imprevistos. Na sede do partido começamos a conversar com Alfredo Ramirez, contamos nosso projeto, nossa proposta, e logo entramos num longo debate. Discutimos tudo, educação, opressão, socialismo, México, Brasil, América Latina. Fomos aprofundando a conversa e já estavamos sendo convidados para participarmos da reunião do movimento “La esperanza Se respeta”, no dia 08.
Foto: Faixa contra fraude eleitoral

quarta-feira, outubro 11, 2006

Dia 05 /10/06 - Cidade do Mexico - Organização do QG

Cidade do México - 05/10/06

Chegamos à Cidade do México no dia 05 de outubro. Uma das maiores cidades do mundo, um trânsito infernal, a São Paulo mexicana. Fomos direto nos hospedar, e montarmos nosso QG. Mapas, notebooks, textos, máquinas fotográficas, filmadora, contatos telefonicos, tudo no chão para dividirmos as funções e iniciarmos nossa pequena odisséia na capital.

Foto: Entrada da Cidade do México








quinta-feira, outubro 05, 2006

Dias 03 e 04/10/06 - San Miguel de Allende - Cidade Histórica

San Miguel de Allende - 03 e 04/10/06

Mesmo sendo uma cidade histórica, pouco sabemos sobre os acontecimentos passados de San Miguel de Allende. Hoje é uma cidade que sobrevive do turismo, com um grande número de extrangeiros que residem por lá. Igrejas, praças, muitas bandeiras do México, arenas de touradas, diversas lojas que vendem lembranças da cidade. Uma grande feira de alimentos e artesanatos completam a cidade. Descansamos muito para enfrentarmos uma maratona de entrevistas na Cidade do México, nosso próximo destino.
Foto: Igreja de San Miguel de Allende

Dias 01 e 02/10/06 - San Luis Potosi - Capital da Prata

San Luis Potosi - 01 e 02/10/06

A caminho de San Luis Potosí conhecemos duas pirâmides astecas. Tiramos fotos, caminhamos, e voltamos para estrada.
O povo foi silenciado durante muito tempo, oprimido durante séculos. Em 1910 foi, a partir de Potosi, instaurada a Revolução Mexicana, sendo comandantes Emiliano Zapata e Pancho Villa.
Uma cidade que respira cultura havendo diversos teatros, praças, bibliotecas, museus, apresentações ao ar livre. Vimos alguns shows ao chegarmos na cidade, apresentação de dança, alguns palhaços na rua, músicos, os famosos mariachis. Nos postes haviam fotos do preso político Miguel Angel Wong, recluso há mais de dois anos por organizar e mobilizar ambulantes que estavam sendo agredidos para se retirarem dos locais onde vendiam seus produtos. Tentamos entrar em contato com seus familiares, mas não tivemos exito. No dia seguinte fomos conhecer mais a cidade, porém na primeira praça que passávamos, havia um grupo de membros do PRD (Partido da Revolução Democrática) que estavam denunciando a fraude eleitoral contra o candidato Obrador. Conversamos e marcamos uma entrevista para duas horas mais tarde. Precisavamos arrumar nosso material de filmagem. Com tudo pronto fomos à sede do Partido em Potosí, e iniciamos a entrevista. Jose Hernandez Bravo ex-empregado da Pemex, sindicalista, despedido pelo fato de denunciar a entrada de multinacionais petroliferas na estatal mexicana, algo inconstitucional, que passa "despercebido" pelo presidente Vicente Fox. Sua entrevista foi marcada pela indignação com o processo eleitoral, com a situação das empresas estatais, e comentou que "a estrutura estatal é questão de soberania nacional". O pessoal do Partido nos indicou o assessor de Obrador para conversarmos na Cidade do México, tudo começa a se encaixar.
Foto: Na praça, faixa questionando a democracia

Dias 29 e 30/09/06 - Tampico - Litoral Mexicano

Tampico - 29 e 30/09/06

Fomos para o litoral do México, para cidade de Tampico, fora a praia não aproveitamos muito. Continuamos nossas leituras, e começamos a nos aprofundar na história e situação política do país. Conhecemos a praia, voltamos para o hotel, descansamos e conversamos com nossos familiares. A saudades é algo que não tem tamanho, nossos pais, avós, tios, amigos, nosso país, nossa comida, nossa cultura, nosso povo. Tudo é tão mais simples quando estamos em casa. Mas a cada dia que passa temos novos companheiros, novos países, novas culturas, novos povos. Nos tornamos latinos no costume, na convivência, no apoio e suporte aos nossos irmãos, ao expormos a situação da nossa região e lutamos para que haja um mínimo de dignidade. Tampico uma cidade turística, mas aprendemos a ser latinos.
Foto: Praia de Tampico

Dias 27 e 28/09/06 - Santiago - Uma pausa para descanso...

Santiago - 27 e 28/09/06

Saimos de Monterrey e seguimos viagem. Estavamos buscando um lugar para acamparmos e curtirmos um pouco da natureza do México. Resolvemos ir para o vilarejo de Santiago, perto de Monterrey. Fomos subindo as montanhas, subindo, subindo, o carro começava a pedir ajuda para subir, e começamos a ficar preocupados. Cinco pessoas, muitas malas, barracas, e diversos utensílios, parecia que voltariamos de ré. Decidimos continuar, ver até onde a montanha nos levaria. Que bom não desistirmos.....
....demos de encontro com um Canyon, uma longa estrada de pedra cercada de arvores e montanhas ao nosso redor. Dormimos numa pousada, onde alugamos uma casa para ficarmos duas noites. Foi nosso grande momento de meditação, lemos, conversamos, jogamos baralho, tomamos cerveja, fizemos churrasco, comemoramos o 19 aniversário da Ligia (28 de setembro).
Foto: Montanhas de Santiago

Dias 26 e 27/09/06 - Bem Vindos ao México - Aqui somos latinos

Monterrey - 26 e 27/09/06

Enfim chegamos ao México, tranquilos passamos pela fronteira sem nenhuma preocupação das autoridades do país. O choque social foi enorme. Sair de um país de primeiro mundo e após dois minutos estamos imersos num caos. Este é o único modo de explicarmos a passagem. As eleições para presidência foram marcadas pela fraude e pela corrupção. Obrador, candidato do povo perdeu as eleições havendo diversos indicios de intervenção na contagem dos votos. Urnas que sumiram, pessoas que não existem que votaram, enfim, o país ficou mais de um mês sem ninguém no poder. Quem foi oficializado presidente do México foi o candidato da direita Felipe Calderon, com apenas 250 mil votos a mais, dentro de 40 milhões de votantes. O exército está nas estradas para manter uma "ordem" que não existe, pois o poder, que constitucionalmente emana do povo, não tem mais sentido. Em Oaxacla há uma revolução popular com tomada de órgãos públicos, meios de comunicação e criações de Assembléias para decidirem os rumos da região. O povo cansou de esperar e luta pelo lugar que é seu de origem, como núcleo deliberativo das execuções estatais. Chegamos em Monterrey, nos hospedamos e fomos jantar. Os funcionáios do hotel nos indicaram um restaurante na mesma rua que estavamos, chamado "Nuevo Brasil". Fomos, um pouco desconfiados, mas entramos. Diversos quadros, do Obrador, do EZLN, da seleção brasileira de futebol, do Ernesto "Che" Guevara, Fidel Castro, Pancho Vila, Emiliano Zapata....Foi uma ótima surpresa, um bar com os resistentes expostos nas paredes.Conversamos com o dono e marcamos uma entrevista para o dia seguinte, algo de bom nos aguarda. Acordamos cedo no dia 27, arrumamos nossos materiais e voltamos ao bar para gravarmos. As perguntas todas envolvendo a resistência latina, e as respostas acaloradas demonstravam um estreito relacionamento entre o proprietário do bar com diversos movimentos sociais. Tudo saiu como planejávamos. Acabou nos indicando uma fonte na Cidade do México, para procurarmos e continuarmos nosso projeto.
Foto: Entrada no México

Dias 24 e 25/09/06 - San Antonio - Reduto Mexicano

San Antonio - 24 e 25/09/06

Uma das maiores cidades do Texas, berço da independência do Estado, conhecida mundialmente pela batalha do Alamo. Fomos conhecer a fortaleza e a historia que cerca toda a luta que houve entre texanos e mexicanos, e a posição dos EUA nesta disputa. Entrevistamos o guia do local que nos explicou da dificuldade de identidade do povo texano. "Somos mexicanos, não nos consideramos estado-unidenses, nossa cultura é outra, nosso estilo de vida é outro, até a nossa língua é outra". Sentiamos que o local não pertencia culturalmente a nenhum dos dois países. Continuou a entrevista, falando da indisposição dos EUA em anexar o Texas ao resto do país, que a revolução e luta pela independência não eram questões a serem tratadas pelo governo. Uma batalha que irmão matou irmão. Criticou a politica implementada com relação aos imigrantes, preocupando-se com o alto número de mexicanos que morrem diariamente tentando atravessar a fronteira. "Os problemas são muito maiores que uma cerca que separa Mexico e EUA, pois deve haver uma razão de tantas pessoas tentarem atravessar", continou o guia com um sorriso no rosto.Voltamos ao hotel para descansarmos, e aproveitar para pintar o carro. Isto pelo fato de em New Orleans, terem arrancado um adesivo da bandeira do Brasil que estava na porta do "El Possante". Três bandeiras, uma no capo, e mais uma em cada porta. Assim terão que depenar o carro.
Foto: O Alamo

Dia 23/09/06 - New Orleans - A Capital do Jazz

New Orleans - 23/09/06

Primeira impressao era de estarmos entrando numa cidade abandonada. Quase todos lembram do furacao Katrina que devastou a cidade, atingindo os estados da Louisiana e Mississippi. Porem o governo Bush nao lembrou. Uma cidade majoritariamente de negros, pobres, e com um desastre natural. Nao houve uma grande acao governamental para reestruturar a capital mundial do Jazz, foi esquecida. Aos poucos o povo volta para o que restou de suas casas, para demoli-las e comecar do zero, ou para resgatar lembrancas. Sentimos a dor de muitos, como pudemos perceber em diversos dizeres escritos nas paredes que "a revolucao nao sera televisionada". De tarde caminhamos um pouco, fomos `a beira do Rio Mississippi onde havia um senhor tocando seu saxofone. Compramos cartoes postais, e pequenas lembrancas da cidade. Nos hospedamos, descansamos um pouco e fomos conhecer a noite da cidade. Uma mistura racial, etnica, cultural, social, sexual, pessoas das mais diferentes num mesmo lugar, assim podemos descrever o que e New Orleans. Tivemos ainda a oportunidade de entrar num bar e curtir o melhor do Jazz, nunca vimos nada igual....New Orleans esquecida para muitos, mas para nós não.
Foto: Saxofone, Katrina, Revolução não será televisionada, Jazz

Dias 21 e 22/09/06 - Chatanooga e Picaiune

Chatanooga e Picaiune - 21 e 22/09/06

Nada de muito interessante, apenas estrada e mais estradas, comidas industrializadas, muito fast-food, e pouco dinheiro para comermos algo decente. Duas cidades que pouco conhecemos, apenas passamos, estiveram na nossa rota, apenas um descanso...

Foto: Thiago tentando aprender como fazer um blog

Dia 20/09/06 - Washington - Centro do Império

Dia 20 - Washington

Chegamos na capital dos EUA, estacionamos o carro e fomos em busca de materiais para o documentario. Nao demorou muito para chegarmos na Casa Branca e percebemos que existem diversas pessoas que resistem à politica implantada pelo "Tio Sam". Conhecemos uma senhora cujo nome e Concepcion. Ativista social desde a adolescencia, moradora numa barraca em frente a Casa Branca a 26 anos. Passa o seu tempo informando os turistas sobre as praticas genocidas do governo ianque desde a criacao deste novo imperio, das diversas invasoes militares em paises do Oriente e seus seguidos patrocinios a golpes de Estado na America Latina. Critica as armas nucleares, e luta pela paz. Ja foi espancada na cabeca e retirada do local em que luta. Mas voltou e recebe o apoio de diversas entidades.Conhecemos mais alguns pontos importantes como a estatua de Abraham Lincoln e o Memorialaos mortos (`a invasao) no Vietna. Porem, os mortos sao somente estado-unidenses.......Seguimos nosso caminho, com o objetivo de entrarmos no Mexico o mais rapido possivel, mas a viagem ainda e longa. Dormimos em Charlotsville.

Foto: Concepcion e sua luta

Dia 19/09/06 - Norwich - Inicio da Expedição

Norwich - 19/09/06

Saimos de Norwich (CT, EUA) no dia 19 de setembro, iniciando uma expedicao planejada durante mais de 6 meses. Primeira parada estava prevista para Washington, mas acabamos dormindo na Filadelfia. Nao tivemos muitos problemas, apesar da dificuldade por estarmos com o carro muito pesado. Estamos com mais um membro na equipe, Julio, brasileiro que ira nos acompanhar ate a Cidade do Mexico, onde pegara um aviao para o Brasil.

Foto: Saída para as Américas